
No último dia 13 de abril faleceu em seu apartamento no
bairro da Gávea, no Rio de Janeiro, o cantor e compositor Moraes Moreira.
Numa última publicação nas redes sociais, fruto de uma inspiração
na madrugada, com muita arte, externou suas preocupações e o engajamento
consciente do momento crítico da pandemia.
Quarentena (Moraes Moreira)
Eu temo o coronavirusE zelo por minha vidaMas tenho medo de tirosTambém de bala perdida,A nossa fé é vacinaO professor que me ensinaSerá minha própria lida
Assombra-me a pandemiaQue agora domina o mundoMas tenho uma garantiaNão sou nenhum vagabundo,Porque todo cidadãoMerece mas atençãoO sentimento é profundo
Eu não queria essa pragaQue não é mais do EgitoNão quero que ela tragaO mal que sempre eu evito,Os males não são eternosPois os recursos modernosEstão aí, acredito
De quem será esse lucroOu mesmo a teoria?Detesto falar de estrupoEu gosto é de poesia,Mas creio na consciênciaE digo não a todo dia
Eu tenho medo do excessoQue seja em qualquer sentidoMas também do retrocessoQue por aí escondido,As vezes é o que notamosPassar o que já passamosJamais será esquecido
Até aceito a políciaMas quando muda de letraE se transforma em milíciaOdeio essa mutreta,Pra combater o que alarmaSó tenho mesmo uma armaQue é a minha caneta
Com tanta coisa inda cismo….Estão na ordem do diaEu digo não ao machismoTambém a misoginia,Tem outros que eu não aceitoÉ o tal do preconceitoE as sombras da hipocrisia
As coisas já forem postasMas prevalecem os relésQueremos sim ter respostasSobre as nossas Marielles,Em meio a um mundo efêmeroNão é só questão de gêneroNem de homens ou mulheres
O que vale é o ser humanoE sua dignidadeVivemos num mundo insanoQueremos mais liberdade,Pra que tudo isso mudeCerteza, ninguém se iludeNão tem tempo, nem idade
Quarentena (Moraes Moreira)
Eu temo o coronavirus
E zelo por minha vida
Mas tenho medo de tiros
Também de bala perdida,
A nossa fé é vacina
O professor que me ensina
Será minha própria lida
Assombra-me a pandemia
Que agora domina o mundo
Mas tenho uma garantia
Não sou nenhum vagabundo,
Porque todo cidadão
Merece mas atenção
O sentimento é profundo
Eu não queria essa praga
Que não é mais do Egito
Não quero que ela traga
O mal que sempre eu evito,
Os males não são eternos
Pois os recursos modernos
Estão aí, acredito
De quem será esse lucro
Ou mesmo a teoria?
Detesto falar de estrupo
Eu gosto é de poesia,
Mas creio na consciência
E digo não a todo dia
Eu tenho medo do excesso
Que seja em qualquer sentido
Mas também do retrocesso
Que por aí escondido,
As vezes é o que notamos
Passar o que já passamos
Jamais será esquecido
Até aceito a polícia
Mas quando muda de letra
E se transforma em milícia
Odeio essa mutreta,
Pra combater o que alarma
Só tenho mesmo uma arma
Que é a minha caneta
Com tanta coisa inda cismo….
Estão na ordem do dia
Eu digo não ao machismo
Também a misoginia,
Tem outros que eu não aceito
É o tal do preconceito
E as sombras da hipocrisia
As coisas já forem postas
Mas prevalecem os relés
Queremos sim ter respostas
Sobre as nossas Marielles,
Em meio a um mundo efêmero
Não é só questão de gênero
Nem de homens ou mulheres
O que vale é o ser humano
E sua dignidade
Vivemos num mundo insano
Queremos mais liberdade,
Pra que tudo isso mude
Certeza, ninguém se ilude
Não tem tempo, nem idade
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