NOEL ROSA (11/12/1910/04/05/1937)

NOEL ROSA (11/12/1910/04/05/1937)

NOEL ROSA (11/12/1910-04/05/1937)


NOVENTA ANOS DO “COM QUE ROUPA?”

A efeméride aqui postada não vem, hoje, apenas para destacar o nascimento de um dos maiores poetas e compositores da música brasileira. Mas sim, pelos noventa anos do samba “Com que Roupa?”.

A obra de Noel é enorme, apesar do pouco tempo que passou aqui nesta terra. Apenas vinte e sete anos. Será muitas vezes estudada, comentada, discutida, ensaiada, cantada. Sempre vamos encontrar muitas coisas escritas sobre ela e sobre seu personagem principal. Algumas o Projeto Mais Leitura possui para que nossos parceiros possam conhecer. Uma das mais famosas é a biografia escrita por João Máximo e Carlos Didier, citada por todos os pesquisadores. 


Muitos aspectos serão divulgados aqui neste blog, mas, hoje, o assunto é o samba “Com que roupa?”. Uma primeira parte. Noel é um simulador de situações. Cheias de ironias como aparecem nas suas músicas, necessárias para enfrentar aqueles momentos tão conturbados da história, da vida pessoal e da vida cultural. Na biografia citada acima, os autores contam aquela história que, com certeza teria inventado, de que sua mãe, já preocupada com a sua saúde teria escondido as suas roupas para que ele não saísse com os amigos, daí a inspiração. 

“Não adiantava os amigos o convidarem para o samba. Com que roupa iria? Uma história tipicamente Noel, que nada tem a ver com a do “Brasil de tanga”, objeto para outro artigo.

Um fingidor, diriam os autores, assim como se expressou “o poeta”.

“Nas entrevistas para que será solicitado pela vida afora – da primeira que se tem notícia à última que dará já agonizante – Noel Rosa continuará sendo um fingidor, raramente se revelando, abrindo a guarda, desnudando-se. Realmente se diverte com isso, aproveitando-se da credulidade do entrevistador para ajudar a criar lendas em torno de si, não deixando que o vejam como de fato é. As vezes, em lugar de credulidade, conta com a cumplicidade do entrevistador...”

Fala-se em entrevistas porque Com que roupa?, mostrou o Noel para o mundo. O sucesso foi tão estrondoso que pode ser comparado com qualquer artista moderno que movimentaria toda a mídia. E era o fim da Primeira República, vésperas da Revolução de 30 no Brasil. Muito provavelmente teria composto este samba em 1929. Consta da sua biografia que o primeiro a ouvir o samba completo teria sido o tio Eduardo, nesse ano. Tio Eduardo Corrêa de Azevedo. Daí os 90 anos de uma samba que até hoje está na boca do povo.


Para completar este primeiro ato, o trecho que abre o capítulo 16 da biografia, REALMENTE CONQUISTANDO A CIDADE, se tornou a justa colocação daquele momento:

“Um sucesso como nunca se viu. Parece até que o Rio despertou agora há pouco ao som de um só samba, ouvindo a voz de um só cantor, recitando os versos de um só poema. Música e letra de Com que roupa? ressoam por toda parte, conquistando todos os bairros.

Nestes primeiros dias de dezembro de 1930, outros sambas e marchas prometem se  destacar no próximo carnaval. Alguns são de fato muito bons. Ou mais que isso Se você jurar, Deixa essa mulher chorar, Cor de Prata, Batucada, Batente, Apanhando papel,o Barbado, Foi-se, Seu Getúleo Vem, Minha Cabrocha vieram para ficar por longo tempo na memória do povo. Mas nenhuma fará o sucesso de Com que roupa?, cujo apelo e originalidade envolvem as pessoas desde o primeiro instante. Se não for a melhor composição desta safra, é decerto a que maior impacto causa, a mais cantada, tocada, comentada, elogiada. Não só por sua melodia contagiante, mas sobretudo pelo sabor de seus versos , é a que mais intimamente sensibilizará a alma carioca, tornando-se parte de sua vida, de suas conversas, de seus hábitos, de sua linguagem: ‘Jantar no Assyrius? Com que roupa, meu caro?’.

As emissoras de rádio tocam a música tocam o disco sem parar. Alto falantes instalados em alguns pontos da cidade, Rua Dona Zulmira, Praça Saens Peña, Avenida Atlântica, projetam a voz de Noel a cantar queixoso: 


Eu hoje estou pulando como sapo

Pra ver se escapo

Desta praga de urubu...”


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