ENCONTROS ESPECIAIS

ENCONTROS ESPECIAIS

Encontros especiais.

Hoje, além de fazer um convite, resolvi escrever uma crônica a qual dei o nome de “Encontros Especiais”. O convite foi para conhecer o site projetomaisleitura.com. Vejo aproximar se o dia 30 de novembro, data para destacar os 84 anos sem Fernando Pessoa. Falecera nesse dia de novembro de 1935.

O que tem a ver uma coisa com a outra? É que passando por Lisboa no mês de junho deste ano, eu e a Ana, minha companheira desejamos visitar uma livraria muito interessante chamada “Ler Devagar”, um lugar muito especial que fica num conjunto de lojas denominado LX Factory. O local era um antigo complexo industrial que hoje abriga diversos varejistas de arte e artesanato, diversos restaurantes, e a tal livraria. É um lugar encantador muito bem aproveitado pelos portugueses que vivem um momento interessante com relação à cultura do ponto de vista do seu incentivo e, como não poderia deixar de ser, um momento de incentivo à preservação patrimonial, já típico desse povo, o que dá um charme ainda maior a essa encantadora capital, ancorada na Península Ibérica.

Claro, fomos para lá, pois a Ana já havia localizado a tal livraria no seu desejo. Ficaria muito ruim se esse sonho não fosse concretizado. A Livraria, com uma arquitetura bastante rústica como todos os ambientes dos galpões, possuía um acervo extraordinário, além de uma decoração toda especial com elementos do cotidiano. Funcionava, também, quase como um sebo, pois é possível encontrar ali uma seção de livros a baixo custo que não ficam entre os principais do momento de uma livraria com características da atualidade, como ela também o é. Tem um barzinho onde se pode encontrar a famosa ginjinha, um ambiente decorado por um maquinário que parecia ser de uma antiga gráfica. Ah, e tinha também uma seção de CDs onde se pode encontrar os de origem brasileira, encabeçados, como não podia deixar de ser, por Marinho da Vila. Sente-se um orgulho meio desconcertante nesse momento quando isso acontece num local tão distante. Uma aproximação que enlaça as culturas.

Subindo uma escadaria típica de um depósito de fábrica, que obviamente foi transformado em rampa, chega-se a uma espécie de mezanino que lembra em muito o Teatro Oficina de São Paulo, com um vão mais largo no centro onde se pode observar a parte de baixo da livraria. São passagens estreitas, mas aconchegadas pelos livros. Nada melhor. Eis que de repente encontramos nesse espaço duas pessoas, trabalhando com dois pequenos teatros de marionetes, executados em pequenas caixas de papelão, de forma que tinha se que olhar para dentro como mirando num binóculo, para ver o que acontecia ali. As caixas, uma com cada um do simpático casal, era construída como se fosse um “enorme” cenário de  teatro, tendo na parte de fora a figura magnânima de quem? Nada mais nada menos que a figura de Fernando Pessoa, inspirador das cenas que se passavam dentro desse magnífico teatro de marionetes. Uma espécie de patrono e guardião. Pode se ver nas fotos, daí a felicidade do encontro: dois brasileiros, Adriana e William,  que ganham a vida produzindo arte e divulgando a obra de Fernando Pessoa. Fomos para Portugal para conhecer e participar das festas do mês de junho, quando se comemora o nascimento de Santo Antônio, dia 13 desse mês. Mas não se pode esquecer que nesse mesmo dia, no ano de 1888, no Largo de São Carlos, às três horas da tarde, nascia Fernando Antônio Nogueira Pessoa, conhecido no mundo todo como Fernando Pessoa, um dos maiores poetas da língua portuguesa.

 

Como todo encontro de brasileiros conscientes destes momentos difíceis, não se poderia deixar de falar sobre as angústias, os medos, sobre a destruição da economia, da cultura e da educação no Brasil com a ascensão do fascismo. Em fim, resultou a amizade e a torcida para que aquela arte ali praticada tenha o sucesso merecido correspondente à sua grande qualidade.

Experiência de rua.

Mas o dia não parou por aí. No período da tarde já estava marcado um outro encontro, com uma pessoa também muito especial. Gaúcha, fotógrafa, autora do livro “Moscas no Labirinto”, publicado pela editora Pergamus, de Porto Alegre. Havia chegado a hora de conhece la pessoalmente, uma vez que muito já havia rolado via internet, com admiração especial da Ana. Foi um encontro programado. A coincidência é que naquele mesmo momento em que visitávamos a “Ler Devagar”, Eliana Rigol, frisa se, que não conhecíamos pessoalmente foi à mesma livraria fazer umas fotos. Mais tarde, já em companhia da Eliana, viemos saber que eu aparecia em uma delas. Esse dia, realmente, tinha que ficar marcado e ficou. Sobre o encontro da tarde, deixa para outra ocasião. Hoje é dia de lembrar e ler a obra do poeta.

 

Milton Machado Luz.

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